quinta-feira, 12 de março de 2009

um algo no estômago
um nada no coração
um tudo na cabeça
pouco cigarro no maço
muita chuva no telhado
um frio na epiderme
um cansaço na derme
um choro na noite
um grito no escuro
numa ponte suspense
por poucos fios de algodão

segunda-feira, 9 de março de 2009


coleções mentais particulares:

*cascas de bananas jogadas na rua
*freiras no ponto de onibus
*hidrantes vermelhos
*cheiro de comida queimada
uma cafeteira
um livro
uma trilha sonora
de um filme bom
outro livro
um beijo
um suspiro
um pedaço de bolo
DEVOLUÇÃO



hoje é
aniversário
-Não quero mais colecionar machucados poéticos...-disse ela
-Quero uma nova coleção, uma de momentos poéticos!

e ali naquele momento teve o primeiro da coleção.
Acordou, sem querer.
abriu a porta de sua casa e viu o por-do-sol e ainda ,
no caminho da escola , achou dez centavos, sorriu.
cavalgando ou atirando-as ,elas sempre estão perto de nós , na poética ou na dor dos espinhos...

sexta-feira, 6 de março de 2009

uma sede
uma janela
a tosse
muita poeira
pouca música
algo que atormenta
um rádio sem sintonia
um livro sobre a loucura
um poeta contemporâneo
uma faca sem corte
a desistência de fazer o interurbano
um profundo sono
um eterno acordar
numa luz
numa cruz
nessa janela
na armadilha
na saia justa
no calo do dedinho
no cartão sem crédito
no vai e vem das coisas
no Sol que insiste em brilhar
no raio que o parta
naquela vizinha antiga
na saudade da amiga
no suor de dentro.
Assim que o dia clarear vou escurecer os cabelos e dançar na chuva...meio dia eu acordo o Sol a pino cabelos brancos claros e embaraçados o amargo na boca o cheiro do ralo e a saudade da Marina!
um verde acesso uma tosse na toalha branca um gole de qualquer coisa no gargalo um sinal de chuva no céu um calor do inferno astral uma mão atirada pela janela do onibus particular particulas de um que ser que me estranha a alma por estar em pé diante de um muro parado em frente a ele e ele ainda acredita em santa em bruxa ou em anta acrescento algumas palavras que já foram ditas outras ainda talvez não dessa forma mas as lagoas dos olhos já marejados por pedras e por cristais brilhantes no meio daquela escuridão daquela escada daquela rua barulhenta aquela que o vidro vibrava colocamos maços de cigarros para adubá-lo e não sabíamos o quando aquilo poderia ser poético ou olhar as estrelas segurando um osso de galinha sem roupa sem nada nos pés apenas o chão debaixo da minha cabeça que pesava como gigantes que resolvem dançar tango em plena madrugada, já pensou que poderíamos fazer qualquer coisa parei fumarei um cigarro. ou dois.
na altura das curvas um seco
no ar na garganta
trago o cigarro
então, acabo