sexta-feira, 23 de julho de 2010

Herança de Tereza,ou outro nome qualquer

Tereza nasceu num dia de agosto.Tereza cresceu ouvindo que agosto era o mês do cachorro louco.Nunca entendera.Aos trinta e poucos anos, depois de um sonho, lembrou das visitas que fazia ao seu avõ quando ainda era criança.Tereza passou alguns domingos de sua infância num hospital psiquiátrico.E naquele tempo, ainda era chamado de manicômio.Lembranças das quais não gostava.Tereza ainda tem na gaveta da cozinha remédios de tarja preta, lembranças do Dr.Evandro, que discursava sobre a herança genética...Tereza, em devaneios, pensava na história da humanidade e na tal herança genética,e parecia tudo tão explicável àquela hora da madrugada.
Tereza não toma remédios há quase um ano,ao invés disso Tereza aprendeu a costurar, tricotar, a fazer amigos e a não levar nada tão a sério, além das plantas...ah! as plantas!Tereza não se resume, cata latas, sorri sem dentes, pinta estrelas nas paredes e flores em bueiros.Tereza também chora, se desespera, as vezes acha que vai ficar cega.Glaucoma.Ou louca.Tereza ainda é Tereza,ou outro nome qualquer.Tereza ainda insiste em amar.Tereza olha para as linhas da faixa de pedestre e caminha, escutando pássaros da fria manhã.
Tereza sorri e quase sempre não sabe direito o que está fazendo.Tereza, as vezes faz planos, e com a idade aprendera a faze los a ongo prazo.Tereza quer um carro e quer criar ovelhas,quer morar no mato e ver o por do Sol de novo, e de novo e de novo, como aquele filme bom que a gente nunca se cansa de ver.Tereza, como Elis, quer uma casa no campo, Tereza tem um filho de cuca legal.Tereza, como Rita, quer plantar e um dia, voltar a ser índio, como o avô foi.E como diria Dr. Evandro , tudo isso, pode ser causa da herança genética.Tereza passa arnica no corpo antes de se deitar sob a Lua crescente de um quase agosto.